EDUARDO
CAMPOS E MARINA SILVA. SONHOS E LÁGRIMAS, ÉTICA E DEMOCRACIA.
Foi em
1994. Após muitas horas de viagem e uma perigosa travessia de um Rio em uma
barcaça sem condições de viagem, enfim cheguei a Rio Branco no Acre para um
Encontro Regional de Direitos Humanos. O Estado passava um momento muito
difícil de grande corrupção e uma elite local articulada e criminosa. Foi
quando conheci MARINA SILVA, figura encantadora, um misto de sonhadora e
revolucionária que ajudou a construir o sonho da Amazônia sonhada por CHICO
MENDES.
É da
Senadora MARINA SILVA o Projeto de Lei que protege os conhecimentos e tradições
dos povos da Amazônia em pé de igualdade com demais direitos de laboratórios
estrangeiros protegidos pela Lei de marcas e patentes, o que se estivesse já
aprovado teria proibido que um Laboratório estrangeiro lucrasse por ano com a
venda do medicamento “captopril”, utilizado para pressão alta, cuja substância
de fabricação é retirado do veneno da cobra jararaca, o valor de 4 bilhões de
dólares, como demonstrado em minhas pesquisas quando da apresentação de trabalhos
no Congresso Jurídico da Amazônia em 2014.
Presenciei
um dos seus primeiros Comícios de MARINA SILVA, e ouvi com atenção a jovem frágil
na aparência e de personalidade forte, falar com tamanha coragem e denunciar a
elite local que me causou certo temor. Era à primeira vista alguém muito
especial, mas, não poderia imaginar a 20 anos que aquela corajosa jovem teria um
papel tão importante na história política do Brasil.
Anos
depois foi Dom Moacir Grechi que foi Arcebispo no Acre e em Rondônia quem me
contou das origens de MARINA SILVA. Foi uma jovem pobre cuja família morava no
Acre. Esta jovem ficou acometida de uma doença muito grave no pulmão e os
médicos não lhe deram um bom diagnostico. Foi Dom Moacir quem fretou um avião e
a enviou por pura compaixão para se tratar em São Paulo onde MARINA conseguiu
recuperar a sua saúde. Este foi o meu primeiro contato com a história de
MARINA.
Mais
tarde numa lide jurídica em Rondônia o IBAMA havia se recusado a liberar
licença ambiental para a construção da Usina Hidrelétrica em Porto Velho por
haver muitos indícios de uma futura tragédia ambiental. A então Ministra do
Meio Ambiente, MARINA SILVA, apesar de pressionada e assediada, não voltou
atrás e manteve a proibição do IBAMA.
Pagou o
preço político, sofreu retaliações, demitiu-se do cargo, foi criado o INSTITUTO
CHICO MENDES, a licença foi concedida e a Usina construída e após 7 anos da
liberação Rondônia viu a maior tragédia ambiental de sua história com um alagamento
sem precedentes. A origem de MARINA foi uma origem humilde, mas sempre
demonstrou sua profunda dignidade, honestidade e capacidade, é respeitada no
mundo todo tendo sido considerada pela mídia internacional uma das 100 pessoas
mais influentes do mundo.
Em que
pese os inegáveis méritos políticos de CAMPOS, era MARINA quem iluminava a
candidatura de EDUARDO CAMPOS que por sua vez era herdeiro do grande MIGUEL
ARRAES, um nome por demais honrado na história política brasileira. CAMPOS
deixou o governo do seu Estado de origem, quando Governador com um índice de aprovação
popular altíssimo.
EDUARDO
E MARINA se uniram politicamente, porque MARINA não tinha opção ante o indeferimento
do registro do seu novo Partido Político junto ao Tribunal Superior Eleitoral,
mais um golpe em MARINA e na Democracia calcada na concepção de pluralismo
político assegurado na Constituição de 1988.
O
Brasil perdeu uma grande opção política, mas MARINA não se torna apenas a
herdeira política por afinidade, de EDUARDO CAMPOS por questões sentimentalistas,
tem também os seus méritos, dentre eles a coerência política que a levou para
longe do PT quando este se enterrou em sua tragédia ética quando lhe era mais
cômodo dizer sim, tendo aos seus pés mando político, poder e influência.
MARINA
era e continua a ser uma grande opção política, política já experiente, Ex-Senadora
e Ministra, ex-candidata a Presidente, com um patrimônio político de milhões de
votos agora acrescidos com os simpatizantes do falecido EDUARDO CAMPOS, que
tombou com os seus companheiros de viagem a serviço não apenas de um partido ou
de interesses partidários, mas acima de tudo, a serviço da Democracia, portanto
da nação brasileira, pelo que a História lhes deve ser grata.
É
inegável que MARINA é o fiel da balança, pois caso a Presidenta DILMA não logre
vitória no primeiro turno é MARINA e o legado de CAMPOS quem decidirão o
destino final das eleições no Brasil ou ao menos influirão de forma muito
efetiva no resultado final caso MARINA não polarize o segundo turno com DILMA
ou AÉCIO e a indicação das pesquisas são previsíveis neste sentido.
MARINA
é alguém com história, vinda do povo, tem coragem e virtudes, é coerente e
honesta, tem competência e reconhecimento nacional e internacional e acima de
tudo, é alguém que acredita, como CAMPOS que o Brasil é um país possível para
esta geração e as futuras, de modo que nossos jovens e mentes brilhantes, não
precisem fazer planos de uma carreira de sucesso no exterior por não
encontrarem nem o reconhecimento e nem a honestidade para continuarem vivendo
em sua nação, na terra dos seus pais.
Além de
íntegra e competente parece que MARINA tem certa aura profética, pois é a
segunda vez que a morte lhe ronda e volta com as mãos vazias e em nossa
história política, tão marcada por decepções e falsas promessas, mais do que
nunca precisamos de profetismo e heróis, ao menos em virtudes e qualidades
cívicas que são abundantes na vida e na história política de MARINA, o que infelizmente,
não se pode dizer o mesmo da média do cenário político nacional. Descanso
eterno a EDUARDO CAMPOS, consolo aos seus entes queridos e muita saúde e
sucesso a MARINA SILVA e ao BRASIL.
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