A
FESTA CRISTÃ E OS CRISTÃOS UM GRANDE DESAFIO.
Paulo
Cesar de Lara
MOHANDAS
KARAMCHAND GHANDI, depois
conhecido como MAHATMA GHANDI, (o grande espírito ou grande alma na linguagem
em sânscrito) grande pacifista, dissera que gostava de Cristo, mas, não dos
cristãos porque os cristãos não se pareciam nada com Cristo.
O
Natal é o grande desafio de coerência e fé de cada um dos cristãos, coerência
para consigo, para com a comunidade e para com o mundo que exige testemunhos de
fidelidade como pré-condição ao diálogo.
A
letra da canção Happy Christmas de LENNON e YOKO nos indaga todos os anos: “Então é Natal/ E o que você fez? “Esta
indagação nos acompanha o ano todo, pois afinal, o que de fato fizemos ao longo
de 2013? Sim, pois, todos fizeram algo, de bom ou não tão bom assim.
Mas
o que nós fizemos o foi de coração sincero ou por outras razões, talvez por
obrigação de natureza legal, moral, religiosa ou mesmo como uma retribuição
afetiva, enganamos aos outros e as nós mesmos? Até que ponto, fomos nós mesmos,
fazendo o que verdadeiramente amamos fazer? Ou apenas nos acomodamos a nós e
nossas conseqüências?
Será
que todas as nossas palavras foram sinceras? Foram verdadeiros todos os nossos
elogios? Quantas vezes não massacramos ao próximo com comentários envenenados
por vários motivos, ira, despeito, rancor, inveja, tola concorrência, vaidade
ferida, e tudo de forma tão sutil muitas vezes, ou até mesmo ante o simples
fato de não querermos contrariar aos outros e nos passar por solidários,
polidos, companheiros no cinismo?
Nem
cogito do próximo “distante”, aquele ser “teorizado” que não nos é próximo,
senão pela menção de que existem, mas ao próximo, de fato próximo. Os
companheiros de trabalho, de estudos, os próprios parentes, vizinhos e
familiares. Será que podemos nos olhar no espelho ao final deste ano de 2013
orgulhosos de tudo o que dissemos e pensamos e ardentemente desejamos e deixar
que se reflita ali a nossa autêntica consciência?
Se
não tivemos um ano exatamente dos mais corretos do ponto de vista de nossas
relações teremos mais uma página a ser virada no ano que se aproxima. Mais uma
página em branco, sem nada escrito, com histórias inteiras a serem escritas,
com momentos de romance e sonhos, mas também de trabalho e realizações, com
momentos para construirmos algo que talvez somente tenha sentido para nos
mesmos, mas que ao final de tudo de fato tem um sentido.
Em
nosso novo enredo, há novos personagens que foram incluídos pela vida, pelas
circunstâncias, por nossas opções ou por outras razões que até desconhecemos e
que a providencia divina quis colocar em nosso caminho há personagens que
sempre estavam caminhando conosco e de várias formas, nos deixaram, partiram
ante do encerrar das cortinas dos anos que se findaram, deixando-nos a saudade
e a lembrança de tantos momentos, talvez a lembrança de uma vida.
Hoje
é dia de NATAL, Natal de 2013, tempo de luzes que se acendem pelas alamedas e
casas e também deveriam se acender em nossos corações e consciências. Hoje meu
Pai acordou preocupado com um ninho de passarinhos, se haveria comida para os
filhotinhos. Achei bonito sua reverência para com a vida, com a fragilidade da
vida de um ser indefeso.
Conversei
com meus filhos, minha esposa, os familiares, refleti um pouco sobre o meu NATAL
e o quanto preciso mudar externamente e internamente e o quanto fui afetado com
tantos acontecimentos irrefletidos ao longo deste ano.
Uma
das coisas que mais mexeu comigo no ano que passou foi a maneira infeliz como
algumas pessoas se referem aos outros com o maior desprezo por conta da
condição social, cultural, pela cor da pele, e até mesmo pela aparência física,
e ouvi tantas coisas de tantas pessoas em tantos lugares e fico pensando como
será o futuro se estamos tão dissociados do amor e da caridade.
Como
construiremos a civilização do amor se tantos e tantas não conseguem enxergar
nada além de si mesmos. Fiquei atemorizado com isso. A luta pelos direitos
humanos passa pela fronteira do preconceito mais vivo, brutal e avassalador do
que possa supor nossas sondagens acadêmicas ou nossos entreveros coloquiais do
dia a dia, é um veneno letal que se impregna cada vez mais no homem dito
pós-moderno.
No
próximo ano vou refletir melhor sobre as origens destes preconceitos, é algo
necessário. É tão triste ver a grandeza humana ser, pisada por semelhantes em
tudo, que se acham, não sei por qual razão, superiores em alguma coisa aos seus
iguais porque não podemos fugir de nossa essencial fraternidade sob pena de
deformarmos o espírito da humanidade e nos degradarmos em uma subespécie moral.
Antes
de tudo é falta de amor, de caridade, é falta de humanidade, é o princípio do
terror, assim eu penso porque, quando nos calamos a mais banal das violações de
direitos, por aparente que seja, tal banalidade, abrimos as portas para todas
as violências irrompidas do inconsciente humano.
Neste
ano ouvi pessoas se referirem a outros com tanto desprezo que me causou uma
profunda tristeza, se referiam aos seus irmãos de humanidade com expressões “os
pretos cotistas incompetentes”, os “negros burros”, os “nordestinos idiotas”,
os “nortistas são idiotas”, e referindo-se ao portadores de sofrimento mental,
ouvi expressões como “retardados idiotas”, “débeis mentais imbecis”, aos obesos
como “gordos ridículos”.
Soube
de um político que abertamente falou no dia da comemoração da Constituição de
1988 que “lugar de pobre” é na “barriga de peixe”. Além disso, vi jovens
desprezando os velhos, humilhando não a estranhos, mas a pessoas da própria
família, vizinhos, companheiros do dia a dia.
Soube
de alunos que desprezaram seus Mestres, seus mentores intelectuais, Mestres que
humilharam seus alunos, seus filhos espirituais, pais que aniquilaram seus pais
afetivamente, filhos que não foram capazes de um gesto de renúncia e carinho
aos seus pais durante o ano todo, não foram capazes de reconhecer o sacrifício dos
seus Pais achando que os Pais apenas “cumpriram para com a sua obrigação”.
Soube
de Patrões que assediavam seus empregados e empregados que conspiravam pela
quebra dos seus empregadores, numa inversão de valores, ou melhor, inexistência
e valores, um show de cinismo e decadência que só leva a ruína espiritual e a
degradação moral individual e coletiva, de Lideres espirituais indignos da
confiança que receberam de seus fiéis, políticos conspiradores contra o próprio
povo, mentiras e demagogias, exploração da miséria para manter projetos de
poder.
No
plano coletivo não foi tão diferente assim, irmãos de comunidades que se desprezavam
e caluniavam mutuamente, esposos e esposas que se traíram a si e aos seus
filhos, jovens que apesar de toda informação buscaram as drogas que todos sabem
ser o atalho para curto para o inferno pessoal e de toda a família e
coletividade.
Portanto
foram muitos descaminhos nesta nossa realidade histórica. Mas o NATAL vem para
isso mesmo, é DEUS que se encarna em nossa história de trevas e angustias, de
fraquezas e misérias para resgatar a nossa humanidade de nosso próprio egoísmo.
Por
isso a mensagem do menino que se encarna na história humana tem este sentido
histórico, pois, para todos nasce uma nova possibilidade de construir nossa
história como pessoas e como irmãos. Ninguém diz que isso é fácil, mas, é mais
fácil ser feliz do que infeliz, talvez demore mais, mais é mais fácil.
Não
desperdicemos, pois, neste Natal nenhum momento com palavras que não expressem
alegria e gratidão, piedade e perdão, compreensão e silêncio pelas nossas
enfermidades da alma e do coração e pelas enfermidades de tantos nossos irmãos
de caminhada nesta grande aventura chamada vida na qual ainda estamos todos,
pois os dias correm céleres, como, o vento no descampado, talvez não nos reste
muito tempo individual para fazer o bem e assim sermos felizes, antes de nosso
encontro definitivo com o infinito.
Que
a lembrança dos que amamos e já deixaram esta realidade em que ainda vivemos em
nossa forma humana meio trevas/meio luz, não nos paralise na tristeza, mas, que
continue sempre sendo nossa força para continuar lembrando os momentos felizes
e o quanto aqueles que já partiram para as trilhas celestes nos queriam e nos
querem bem.
Não
se deve esquecer que aqueles que nos desejavam em vida nossa felicidade e
agora, de lá do infinito onde nos contemplam com seu olhar de eternidade ainda
continuam a acreditar em nós e a interceder pela nossa felicidade.
Tudo
estará novamente à nossa frente dentro do que é possível e viável ser repetido,
um universo de possibilidades de escolhas, uma nova a genuína chance para
sermos felizes e acima de tudo fazermos aos outros felizes, plenos, realizados
se descortina. Tenhamos, pois, como SANTO AGOSTINHO medo do “Deus que passa”,
porque com o eterno passam talvez nossas oportunidades de sermos felizes.
Os
primeiros passos talvez sejam a aceitação do que não pode ser mudado e a
ousadia de mudar o que pode ser mudado, bem como a serenidade de discernir o
imutável. Assim ensinava SÃO FRANCISCO, o pobre de Assis. Talvez assim, teremos
a oportunidade de respondermos com mais entusiasmo e satisfação a pergunta do
natal de 2014: “Então é Natal, e o que
você fez”?
Feliz
Natal 2013!
Você
não precisas concordar comigo, apenas caminhemos juntos.
Acesse
a canção de Natal de Lennon e reflita.
Acesse
também esta bela versão de CELINE DION
Nenhum comentário:
Postar um comentário